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TRANSFORMAR PARA RESISTIR

 

 

Os Cursos de Licenciatura de Artes Visuais/UNIVASF, de Música/IF-Sertão Pernambucano, de Teatro/UNEB e de Dança/EAD-UFBA estão localizados no Semiárido Nordestino onde o intenso calor e os sucessivos períodos de estiagem organizam seus processos sociais e culturais. Porém, ao contrário da visão historicamente forjada no estereótipo da escassez, no Vale do Rio São Francisco, somos agraciados pelo encontro entre as águas caudalosas do rio e a vegetação do bioma Caatinga, único com distribuição exclusivamente brasileira. 

Convivendo com e no Semiárido, percebemos o quanto podemos aprender com a capacidade de transformação do bioma Caatinga tomando-o como referência conceitual e política para o enfrentamento do contexto atual de negação dos direitos humanos, civis e educacionais que assolam atualmente o nosso país.

Emanuele Coccia, em seu ensaio ‘A vida das plantas’, propõe a vida vegetal como modelo cognitivo da vida cósmica da/na Terra e sugere que “viver é: respirar e abarcar em seu próprio sopro toda a matéria do mundo. O sopro (...) é o primeiro nome do estar-no-mundo. Aquilo a que chamamos vida. Tudo está em tudo”. A biosfera terrestre respira, como atmosfera do mundo, ela preexiste a nós e mostra que a condição da vida é estar integrada à natureza. As plantas constituem, portanto, uma matriz conceitual cuja potência latente de formas e figuras de pensamento, permitem pensarmos, realizarmos e agenciarmos juntos o nosso estar-no-mundo.

Reconhecendo que arte é vida Ailton Krenak relembra que em um determinado trecho do Rio Doce, onde vivia e continua vivendo uma comunidade indígena, o rio foi secando devido os estragos da mineração ocasionados pela Vale do Rio Doce.  O rio parecia definitivamente morto. Algum tempo depois a comunidade descobriu que o rio encontrou uma maneira de continuar fluindo caudaloso por debaixo da terra.

Diante da opressão dessas condições de vida, a biosfera nos convida a criar novas formas de existir, de interpretar e de reagir aos acontecimentos. Assim, como o Rio Doce encontrou uma forma de continuar apesar da exploração, a Caatinga se constitui um rizoma que abriga uma enormidade de soluções fornecidas pelas plantas, para enfrentar as adversidades do ambiente em que vivem, a exemplo do umbuzeiro. Árvore símbolo da resistência, cujo alastramento das raízes tuberosas, armazena a água necessária à sobrevivência da árvore até as próximas chuvas. Entendemos que a Caatinga e a força rizomórfica de seu bioma fornecem-nos ensinamentos da natureza sobre a resiliência da vida.

Imbuídos em tal pesamento, nós professores, artistas e pesquisadores da região do Semiárido Nordestino propomos a realização do II Congresso em Artes, Ensino e Pesquisa/CONARTES com o tema "TRANSFORMAR PARA RESISTIR" no intuito de criar estratégias de enfrentamento da negação do lugar da arte como prática social e cultural seja nos aspectos educativos como na intervenção e/ou censura dos processos poéticos. Neste evento especificamente, realizamos uma parceria com o projeto em rede Observatório da Formação de Professores no âmbito do Ensino de Arte para aprofundamento da temática da formação na conjuntura atual. Dessa maneira, irá ocorrer simultaneamente o II CONARTES e o III Encontro do Observatório da Formação de Professores no Âmbito do Ensino de Artes.

Nosso objetivo é estabelecer novas redes colaborativas de produção, circulação e divulgação das experiências, das pesquisas e conhecimento acadêmico em Arte na região do Semiárido em diálogo com as questões nacionais e internacionais das políticas públicas para formação de professores no Ensino de Artes.

Assim, os dois eventos promoverão um conjunto de ações que versarão sobre as políticas educacionais atuais, as questões curriculares e seus impactos na formação de professores de Arte. Além de provocar o debate sobre os processos poéticos e criativos a partir da problematização de outras epistemologias no estudo e no fazer artístico a nível local e global.

OBJETIVOS:

a) Evidenciar as artes como campo de conhecimento significativo na formação humana ressaltando suas complexidades e potencialidades;

b) Divulgar, incentivar e publicizar a pesquisa em arte e cultura, suas perspectivas pedagógicas, suas práticas sociais, históricas e teóricas, afim de contribuir para a produção do saber acadêmico sobre as Artes em âmbito nacional;

c) Contribuir com o fortalecimento e consolidação das políticas de formação e atuação docente em Arte em suas modalidades na região do Semiárido;

d) Propor estratégias para transformar o cenário de desvalorização do ensino de arte na Educação Básica;

e) Integrar os diversos atores educativos e culturais na criação de redes colaborativas nacionais e internacionais de investigação sobre a formação docente em artes e sua atuação na produção cultural.

EIXOS TEMÁTICOS:

a. Políticas curriculares para o ensino da Arte na Educação Básica;

b. Formação docente em Arte nas áreas da música, dança, teatro e artes visuais;

c. O ensino de Artes nos espaços não-escolares, ações extensionistas e a formação de públicos no Semiárido;

d. Poéticas e processos criativos em Artes;

e. Arte como prática social e cultural: outras epistemologias na História da Arte;

f. As artes na formação d@s pedagog@s.

Contamos com a participação de tod@s!!

Comissão Organizadora

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